A Comissão de Segurança Pública ouviu nesta terça-feira (2) Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes.
Tagliaferro expôs conversas com métodos de Moraes para supostamente incriminar pessoas no episódio que ficou conhecido como “Vaza Toga”.
Veja a transcrição disponibilizada pela Agência Senado
A COMISSÃO DE SEGURANÇA PÚBLICA OUVIU NESTA TERÇA-FEIRA EDUARDO TAGLIAFERRO, EX-ASSESSOR DO MINISTRO ALEXANDRE DE MORAES. TAGLIAFERRO EXPÔS CONVERSAS E DOCUMENTOS QUE SEGUNDO ELE EXPUNHAM MÉTODOS SUSPEITOS PARA INCRIMINAR PESSOAS NO EPISÓDIO QUE FICOU CONHECIDO COMO VAZA TOGA. AS INFORMAÇÕES COM O REPÓRTER BRUNO LOURENÇO.
A Comissão de Segurança Pública ouviu o ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral, Eduardo Tagliaferro. Ele afirmou a senadores que o material que ficou conhecido como Vaza Toga, com indícios de irregularidades cometidas pelo ministro Alexandre de Moraes na condução do inquérito das fake News, é legítimo, que não há manipulação nas mensagens. Tagliaferro disse que Moraes promoveu uma caça a pessoas do espectro da direita.
Mas havia assim, de fato, um direcionamento político, de cunho político feito por ele para impor a sua equipe e seus colaboradores mais próximos com o objetivo de, naquele momento, denegrir a imagem de um polo político e exaltar a imagem de outro polo político. Isso é gravíssimo e isso atentou contra as eleições.
Tagliaferro explicou que quando passou a integrar a equipe de Moraes ouviu que era preciso dar rapidez às ações, mesmo passando por cima de ritos e procedimentos.
Precisa de celeridade porque se for usar a burocracia vai demorar muito e a democracia precisa de uma solução, precisa ser amparada. Era isso que era falado.
Tagliaferro apresentou ainda novos documentos com datas periciadas que supostamente provariam que Moraes se baseou em matéria de um site sobre conversas privadas em WhatsApp para investigar empresários. O presidente da CSP, Flávio Bolsonaro, senador do PL do Rio de Janeiro, manifestou indignação com a chamada pesca probatória empreendida por Moraes.
(Bolsonaro): Há uma matéria jornalística, o ministro Alexandre de Moraes dá a ordem para essa assessoria de combate à desinformação produzir algum relatório, determina a busca e apreensão somente com base na matéria do jornal, sem saber se aqueles diálogos eram verdadeiros ou não, se tinha se autenticidade ou não. Depois o outro desembargador que é juiz auxiliar dele pede ajuda ao senhor Eduardo Tagliaferro para auxiliá-lo a confeccionar um novo fundamento da decisão, é isso? (Tagliaferro): Exatamente, senador. (Bolsonaro): Então o senhor consegue provar que o fundamento para a busca e apreensão foi feito depois da busca e apreensão. Então houve uma fraude no documento, é isso? (Tagliaferro): Exatamente
Após o início das investigações sobre o vazamento das conversas à imprensa, Tagliaferro foi exonerado e deixou o país em direção à Itália, onde vive. A Procuradoria-Geral da República apresentou denúncia contra ele por violação de sigilo funcional e obstrução da justiça e o governo brasileiro pediu à Itália a sua extradição. Também foram convidados dois juízes que integravam a equipe de Moraes, Marco Antônio Martins Vargas, e Airton Vieira. Ambos não compareceram à audiência pública. Da Rádio Senado, Bruno Lourenço.
A COMISSÃO DE SEGURANÇA PÚBLICA DECIDIU ENVIAR UM RELATÓRIO COM AS DENÚNCIAS E DOCUMENTOS APRESENTADOS POR EDUARDO TAGLIAFERRO AO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, LUÍS ROBERTO BARROSO, PARA QUE AVALIE A POSSIBILIDADE DE SUSPENSÃO DO JULGAMENTO DO EX-PRESIDENTE, JAIR BOLSONARO, PELA SUPOSTA TENTATIVA DE GOLPE.
O RELATÓRIO TAMBÉM SERÁ ENCAMINHADO AO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL, AOS CONSELHOS NACIONAIS DE JUSTIÇA E DO MINISTÉRIO PÚBLICO, À ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL E AO GOVERNO DOS ESTADOS UNIDOS, ASSIM COMO ÀS DEFESAS DOS RÉUS DO 8 DE JANEIRO. A CSP VAI AINDA PEDIR AO GOVERNO ITALIANO PROTEÇÃO A TAGLIAFERRO E AO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA BRASILEIRO A GARANTIA DA INTEGRIDADE FÍSICA DOS FAMILIARES DELE NO BRASIL.
Fonte: Agência Senado