Durante as obras de um viaduto, antigas locomotivas à vapor e demais peças ferroviárias são encontradas enterradas.
Na cidade de São Paulo, havia uma “lenda” de que a, antiga, ferrovia SPR (São Paulo Railway) tinha enterrado locomotivas e vagões em um aterro próximo as oficinas da Lapa. Porém, o que parecia ser apenas uma história. Contada por aqueles que, de alguma forma, tem (ou tiveram) ligação com a ferrovia. Se mostrou um fato concreto.
Obras de viaduto revelam peças históricas

Durante as obras de construção do viaduto da vila Anastácio, em um “barranco” próximo a linha férrea, hoje pertencente à CPTM (Cia. Paulista de Trens Metropolitanos). Ao ser escavado, os tais materiais ferroviários históricos foram aparecendo. Algo que parece mais uma daquelas histórias difíceis de acreditar. Mas, que na verdade existe e as locomotivas e peças estão mesmo no local.
Segundo apuramos todo o conteúdo enterrado na região da lapa possui um valor histórico inestimável. Pois pode ser que sejam as locomotivas mais antigas do Brasil. Perdendo, apenas, para a Baronesa, a primeira locomotiva do País, trazida pelo Barão de Mauá. Quando da construção da primeira linha férrea, localizada no estado do Rio de Janeiro. E que, atualmente, encontra-se preservada no acervo do Museu Ferroviário da capital Fluminense, no bairro de Engenho de Dentro, na área do Estádio Engenhão..
Apaixonados por ferrovia registram os achados

O YouTuber paulista, atuante na área de preservação ferroviária, Leando Guidini, junto com o Fellipe Bragion foram ao local das obras ver o que vem aparecendo no processo de escavação do referido aterro. Segundo ele, naquele pedaço estão os restos de duas locomotivas a vapor, modelo 2-4-0 de 1862, e três tenders (vagão onde são armazenados a lenha e a água, usados na locomotiva) de dois eixos.
O que será mais que há por todo o aterro? Isso se saberá há medida que as escavações forem avançando. Dizem, muitos conhecedores desta “história” que a SPR, também, enterrou uma locomotiva do modelo Garrat, bem rara em solo brasileiro. Modelo, este, que possui apenas uma unidade preservada no museu ferroviário de Recife – PE. Se há mesmo este modelo ou quaisquer outro, além de mais materiais ferroviários, só com o avanço dos trabalhos para sabermos. Vejam o vídeo publicado por Guidini em seu canal no YouTube:
Um achado de valor histórico e inestimável
O que será feito desse material de cunho altamente histórico ainda não se sabe. Mas o próprio Leandro, em resposta a esta pergunta, disse que está tentando que tudo isso seja preservado. Fato é que tais achados contam uma parte importante de nossa história ferroviária. Não só do Estado de São Paulo como do Brasil.

Estas locomotivas podem ser as mais antigas, ainda existentes, das ferrovia paulistas e sua descoberta, pode ajudar-nos há entender melhor como que este modal começou por aqui. E como estas máquinas tiveram uma participação determinante no progresso da capital paulista, sendo uma grande evolução no sistema de transporte no século XIX.

Outro ponto que muito impressiona, nestes achados, é o fato de que boa parte do material enterrado que está vindo à tona. Aparenta estarem em um estado de “conservação” consideravelmente alto. Devido ao fato que, todo esse ferro antigo é de uma época em que a forma de manufatura era muito diferente ao que temos hoje. Então um “amontoado” de “ferro-velho” enterrado desta maneira, ser encontrado quase em boa parte intacto. Isso salta aos olhos. Não há como negar.
O que será feito de tudo isso?
Até o momento do fechamento desta reportagem ,nenhuma informação à respeito do que o governo paulista, por meio de seus órgãos de preservação histórica, vão fazer com estes achados foi encontrada. Fato é que, não só para os amantes da ferrovia, bem como para a história da cidade, do Estado e do País, estas locomotivas e tenders, devam ser retirados dai e preservados para a posteridade.
Talvez doado Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF) que possui 3 unidades de preservação (museus) só no Estado de São Paulo. Sendo as mais conhecidas, Trem dos Imigrantes, localizado no Museu do Imigrante no bairro da Moooca na capital. E a Viação Férrea Campinas Jaguariúna (VFCJ), localizada na cidade de Campinas. Ligando à mesma à cidade de Jaguariúna. Há, também, o Trem de Guararema, na cidade de mesmo nome. E a unidade da ABPF na cidade de Cruzeiro, onde fazem um magnífico trabalho de revitalização de material ferroviário e a reconstrução da linha férrea São Paulo – Minas. Esta que em breve terá o trafego de trens retomado ligando os dois estados.
Agradecimentos ao Leandro Guidini pela contribuição nesta matéria.
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